Refutação a Economia Baseada em Recursos – Parte 5

Publicado: outubro 28, 2013 em Zeitgeist

A impossibilidade de uma economia baseada em recursos

Segundo a teoria de Fresco, a produção deve ser orientada pelos recursos produtivos. Nesta economia, seria necessário usar de todas as informações possíveis para coordenar esta produção a fins de superar a escassez e produzir em abundancia. Assim seria feito um banco de dados, aonde seriam catalogados os recursos naturais disponíveis, assim como os recursos humanos, centros de produção e até mesmo as necessidades das pessoas. Desta forma seria possível determinar a quantidade de bens e serviços necessários. Este sistema seria capaz de determinar até mesmo, quantas pessoas se adoentaram e como aloca-las para um hospital com todos os recursos necessários. Para tanto, a automatização máxima seria a chave, distribuindo recursos de forma rápida na mesma medida em que recebem a informação. Por tais vias, não haveria propriedade privada nesta sociedade, mas uma total planificação da economia através de uma informação computadorizada.

Há vários erros na teoria de Fresco, e a grande maioria vai de acordo com os mesmos erros praticados pelo comunismo e descritos na teoria anarquista de Proudhon, portanto a refutação faz-se semelhante. Há também críticas equivocadas ao livre mercado. Ele sugere que sua teoria econômica seja possível, baseado no fato de que a indústria moderna pode disponibilizara bens de forma abundante, ignorando que o motivo seja o mercado. Fresco dá o exemplo da segunda guerra mundial quando os EUA tinham apenas 600 aviões de primeira classe, mas ao adentrar na guerra, passaram a produzir 90 mil por anos. Logo, o problema não estaria na quantidade de ouro disponível (moeda vigente na época), mas nos recursos. Fresco desconsidera que tais aviões foram criados a custa de impostos massivos, reduzindo a renda e o consumo de bens e serviços, prejudicando o mercado. Em nenhum momento os EUA ignoraram o fator monetário baseando-se em exclusivo nos recursos.

A refutação para a teoria de Fresco e para todas as economias planificadas é antiga e fora publicada em 1920 por Ludwig Von Mises: o problema de cálculo econômico. Mises alega que sem propriedade privada não há trocas voluntárias, e sem trocas, não há formatação de preços. Sem preços, não é possível acentuar a demanda à oferta, visto que eles servem como operadores matemáticos responsáveis pela contabilidade. Mais tarde, Friedrich Hayek ampliou o argumento citando que a mudança constante dos gostos individuais, algo impossível de ser computado e gerido por um planejador central. Mesmo que a privacidade fosse invadida, e chips implantados nos cérebros a fins de computar tais informações, sem a formatação de preços, não haveria meios de compreender o melhor viés produtivo. Neste sentido, cabe citar a experiência soviética. Mesmo com computadores avançados e equações complexas, eles nunca foram capazes de alocar com maior eficiência que o livre mercado. Diante o imenso fracasso destas teorias, o caminho tomado pela Russia e China foram a liberalização econômica.

Embora Fresco negue que sua teoria seja socialista ou comunista isto não é verdade. Assim como o comunismo, a EBR é contra o livre mercado e contra a propriedade privada. Visa a reengenharia social, visando mudar os hábitos dos homens, na suposição de que atingiria uma perfeição. Fresco até mesmo chegou a elogiar Karl Marx, dizendo que foi de grande utilidade ao criticar a economia de mercado. Fresco, alega que sua economia não seja comunista, visto que todas as experiências não excluíram moedas ou bancos. A grande verdade é que antes que o comunismo fosse realmente alcançado, toda economia russa entrou em decadência. As experiências que tentaram acabar com a propriedade privada e com o mercado resultaram nos maiores genocídios da história da humanidade, na miséria, servidão, escassez, levando ao fracasso nações antes imponentes.

Conclusão:

Fresco faz críticas contundentes ao sistema monetário orientado pela emissão de papel moeda sem lastro, mas equivoca-se ao tentar o mesmo com relação ao padrão ouro. Falha ao associar as crises financeiras produzidas por ações governamentais à iniciativa privada. Seu argumento reducionista não releva os avanços do primeiro mundo em função do mercado. Ele ignora que o fracasso de nações pobres ocorreram por se distanciar destas premissas. Possui uma visão utópica de reengenharia social, visando mudar a natureza humana, retirando sua liberdade para errar e evoluir, na crença de o tornará perfeito, uma vez inserido em sua visão idealista. Seu erro mortal faz-se da planificação economia através da produção centralizada, na suposição de uma informação perfeita, como ocorrera com a finada URSS. É decepcionante perceber que angaria inúmeros adeptos apenas por criticar o obvio: como a necessidade de eliminar a guerra, a fome, a poluição etc. No século XXI é mais fácil acreditar num modelo supostamente perfeito enunciado pela internet, que estudar economia a finco. Entretanto, mesmo dentre estas perspectivas que mesclam misticismo, pseudociência e questões sociais, encontramos algumas considerações econômicas de valor, como no caso do thrivemovement – algo muito superior em resultados que o Projeto Vênus.

Referências:

Ludwig Von Mises – Ação Humana

Ludwig Von Mises – O cálculo econômico sobre o socialismo

Friedrich Hayek – O caminho da servidão

Jacque-Fresco-Venus-ProjectJacques Fresco: Razoável arquiteto, mas péssimo em economia. Por mais bem intencionado que esteja, o que faz é pregar um sistema destinado ao fracasso. Assim como os anarquistas modernos, sua teoria resultaria em comunismo. Ao final, só lhe restam as maquetes bonitas, para impressionar leigos em economia.

Christiano Di Paulla

Para ler desde o início: https://resistenciaantisocialismo.wordpress.com/2013/10/28/refutacao-a-economia-baseada-em-recursos-parte-1/

comentários
  1. […] Continuação: https://resistenciaantisocialismo.wordpress.com/2013/11/07/refutacao-a-economia-baseada-em-recursos-p… […]

  2. Jeff disse:

    É claro que ele ignora o “primeiro principio da economia”, porque ele não está falando de uma “economia” como a nossa, capitalista (que nem deveria se chamar economia, pois não é nada econômica), ele está falando de outro tipo de economia, onde, pelo contrário, há um “princípio da abundância”. A produção de abundância de bens e serviços é fundamental na EBR, que pode ser alcançada (e ir muito além) se usarmos todos os recursos do planeta e da humanidade livremente e diretamente pra isso. Temos recursos tecnológicos para até mesmo nos livrarmos do trabalho forçado, com automatização (todo trabalho humano mecânico, que, além de tudo é contraproducente, pode ser automatizado facilmente, amanhã). Os recursos naturais são limitados, claro, mas são abundantes, e só de tiramos da frente essa “economia” monetária, esse enorme e intrincado trambolho desnecessário, que só limita, consome e desperdiça uma gigantesca quantidade de recursos, teríamos recursos mais do que suficientes (que seriam usados da forma mais sustentável possível) para a criação de uma sociedade com um padrão de vida altíssimo para todos, e duradoura.

    Sobre a mudança de hábito poder ser mais rápida que a produção, é fácil, é só produzir uma pequena sobra. Ex.: Se mil pessoas costumam chupar sorvete de uva, produzimos mil e cem, por exemplo, para o caso de algumas pessoas querer experimentar um. Claro que com a ciência e os recursos tecnológicos de hoje podemos criar softwares que podem analisar os nossos comportamentos, acontecimentos, e diversos outros fatores, para identificarem tendências e se anteciparem as mudanças, produzindo sobras calculadas, mais precisas, evitando desperdícios. Quanto a obter informações de demanda, acho que é muito fácil de entender que com nossa tecnologia atual é muito mais simples, rápido e preciso do que por um mercado…

    O problema aqui (recorrente nas críticas ao Projeto Vênus) é a dificuldade de se enxergar além de uma economia de mercado, de se livrar dos limites (artificiais) deste sistema. É comum também a confusão de abundância com ilimitação de recursos. Abundância é ter pra todos, o que pode ser feito com menos recursos do que são consumidos hoje, com uma economia baseada em recursos (economia de verdade), sustentável, numa cultura de de união e compartilhamento…

    O Projeto Venus não é Comunismo, Anarquismo, ou qualquer outro “ismo” (apesar de ter ideias em comum), é “apenas” o que poderíamos fazer hoje se nos unirmos, de verdade, declarando igualdade absoluta entre todos e, portanto, a Terra como patrimônio de todos.

    Obs.: A quantidade de livros e teorias sobre um assunto não significa que este seja válido…

    • Bem, os argumentos usados são os mesmos dos marxistas: “não se fala do mesmo tipo de economia que a nossa.” Além da falácia retórica sobre a quantidade de livros…. Além de inválido como replica é irrelevante. Todavia, irei aos argumentos plausíveis: todo modelo científico depende de uma base empírica. A EBR não possui nenhuma base experimental, muito menos matemática e uma vez que não faz uso da moeda, como meio de oferecer operações contábeis cardinais a fins de acentuar a oferta e demanda, comete o mesmo erro de todas as demais economias planificadas como o comunismo e o anarquismo: “o problema de cálculo econômico”. Neste sentido não há problema algum com relação a “enxergar ou não uma nova teoria econômica”, mas nos próprios argumentos teórico apresentado e que já fora refutado em teorias ou em prática como ocorre no modelo comunista. Sobre: “Se e mil pessoas costumam chupar sorvete de uva, produzimos mil e cem, por exemplo, para o caso de algumas pessoas querer experimentar um.” A suposição de uma produção acima da demanda, geraria tanto prejuízo quanto a produção atual, orientada pelo lucro. Uma vez que não há produção privada qualquer prejuízo seria coletivizado. Quando uma empresa privada produz demasiadamente ou de forma equivocada, ela compromete sua receita, assumindo o risco da falência. Além disto, a informação é dispersa demais. Mesmo que se implante um chip no cérebro – destruindo toda liberdade da população – não há meios de empregar toda informação, referente a demanda, conhecimento empregue ao trabalho e inovação. Este tipo de tecnocracia nem na máxima ditadura funcionaria. Além disto, quando a produção é centralizada e sem competição, temos a homogeneização da produção, o que jamais releva as necessidades subjetivas. Em exemplo, o Lada produzido na URSS permaneceu o mesmo até o final de sua produção em 2012, visto que o sistema de preços demonstra através do lucro, as tendências e inovações necessárias. Na prática todas as considerações levantadas por Fresco, se mostraram um total fracasso.

      • Jeff disse:

        A EBR ainda não tem uma fundamentação teórica ou experimentos científicos (mas já existem projetos), temos apenas “esboços”, avulsos, mas bem detalhados e coerentes. Só não os entende quem não consegue enxergar além da doutrina capitalista, ou comunista, ou qualquer outra crença limitadora… Uma teoria científica, ampla e profunda, é realmente necessária, pois nos dará agora uma visão mais nítida, segura, confiável, das possibilidades de uma EBR, nos ajudará na conscientização das pessoas (pois dará provas) e, principalmente, será a base inicial para a sua implementação, que terá que estar bem sólida, segura, neste momento.

        Como já disse, “o problema de cálculo econômico” é facilmente resolvido com a tecnologia atual. Hoje as pessoas podem simplesmente dizer o precisam de qualquer lugar do mundo instantaneamente. Nem precisaríamos implantar chips na cabeça das pessoas, as pessoas poderiam interagir com o sistema como quisessem e quando quisessem. Mas suponho que numa sociedade de pessoas bem educadas, portanto conscientes da realidade, do funcionamento da sociedade, com uma cultura de união, de colaboração, de compartilhamento (em vez dos opostos, como na nossa cultura atual), onde não seria preciso “ganhar a vida”, as pessoas estariam sempre interagindo, de várias formas, constantemente, pois saberiam que quanto mais informações, quanto mais colaboração, melhores os resultados, pensando sempre no maior bem estar sustentável de todos. Além de muitas informações pessoais, coletaríamos uma infinidade de informações do ambiente, da natureza, através de diversos tipos de sensores espalhados pra todo lado, teríamos históricos para análises, etc. Seriam zilhões de variáveis, mas temos tecnologia de sobra para a criação de computadores capazes de processá-las em tempo real.

        Alguma produção exagerada até poderia acontecer inicialmente (mesmo assim, muito menos que os 1/3 de alimentos que são desperdiçados no sistema atual, por exemplo), pois o sistema seria constantemente “calibrado”, atingindo rapidamente a produção de uma sobra mínima, e cada vez menor, mais precisa (dentro do que chamamos de “equilíbrio dinâmico”). O objetivo do sistema seria manter uma abundância sustentável. Exatamente pelo fato de todo “prejuízo” ser coletivizado, seria do interesse de todos, teríamos pelo menos milhões de pessoas pensando em cada problema, de forma colaborativa, e não pequenos grupos isolados de empregados de empresas pensando apenas em lucro…

        A “religião” capitalista tem o dogma de que competição é melhor que colaboração… A competição gerou progresso sim, mas lento, insustentável, desperdiçando muitos recursos, as custas de muito sofrimento humano, destruindo o meio ambiente… A colaboração gera melhores resultados porque o objetivo é o trabalho em sí (em vez de vencer os outros) e os indivíduos não ficam ansiosos e estressados, sendo mais criativos. Há um experimento recente que mostra isso, onde foram dados uns mesmos trabalhos para grupos que competiam e para grupos que colaboraram, mostrando que os que colaboravam tinham sempre os melhores resultados.

        Muito da produção não precisaria ser centralizada, e, inclusive, seria local sempre que possível, como boa parte da produção de energia, de certos tipos de alimentos, de pequenos objetos personalizados, com a tecnologia de impressão 3D, por exemplo, etc. E centralização de produção não implica necessariamente na homogenização dos produtos, pois poderíamos desenvolver máquinas diversas e/ou muito versáteis (tipo “fab labs” ultra sofisticados) que poderiam produzir os mais diversos produtos e com um certo grau de personalização. Muitos produtos poderiam também ser desenhados para serem personalizáveis, modulares (como o conceito do Phonebloks), atualizáveis, com partes intercambiáveis, etc. Enfim, ciência, tecnologia, inteligência e recursos naturais não faltam pra tudo isso, o que falta é as pessoas terem consciência disso para superarem esse sistema obsoleto.

        A URSS sequer tinha uma EBR, então sua comparação nem faz sentido. Eles também não tinham as possibilidades tecnológicas que temos hoje, não tinham uma administração científica, mas um governo administrado por políticos, que não eram interessados no bem estar da população. Você também não pode dizer que “na prática todas as considerações levantadas por Fresco, se mostraram um total fracasso.” porque nunca houve a prática destas.

  3. Luiz disse:

    Tanto o comunismo quando o capitalismo (principalmente) são baseados em um planeta de recursos infinitos. Acho engraçado vocês que criticam qualquer tipo de pessoa que tenta pensar além do capital, porque não tentam vocês mesmos pensar fora da “caixinha”, critica é fácil, pensar diferente é difícil. segui a manada é comodo. Lixo de blog !

    • Um comentário repleto de falácias retóricas como este nem ao menos mereceria réplica… Todavia o farei, visto que não deixo nada passar em branco. Em primeiro, nunca nenhum economista “capitalista” jamais alegara que os recursos sejam infinitos, visto o quão óbvio esta alegação é fantasiosa. É exatamente pelo fato dos recursos não serem infinitos que existe a produção em massa e o mercado. É Fresco quem considera que os recursos sejam infinitos ao sugerir uma economia sem moeda para alocá-los de forma eficiente, contando com um nível produtivo abundante – coisa que existe somente no mundo da imaginação. E não critico pessoas simplesmente por tentarem pensar diferente, mas por pensar errado a cerca de temas que não dominam. Tais considerações são aquelas que realmente devem ser consideradas lixos: argumentos sem nenhuma base empírica, mas somente, um devaneio de leigos.

      • Jeff disse:

        “Em primeiro, nunca nenhum economista “capitalista” jamais alegara que os recursos sejam infinitos”

        Mas agem como se fossem.

        “É Fresco quem considera que os recursos sejam infinitos ao sugerir uma economia sem moeda para alocá-los de forma eficiente, contando com um nível produtivo abundante – coisa que existe somente no mundo da imaginação.”

        Aqui já vemos que você não tem a menor noção do que é um EBR. Seria melhor você se informar antes de criticar algo!

      • Alegações bem equivocadas. Em primeiro citou: “economistas não alegaram” mas agem como fossem. Confunde economistas com empresários, e nem ao menos se orientara de suas funções. Empresários não possuem capitais (necessários para investimentos, contratação de funcionários e pagamentos de salários) infinitos. Trabalham ampliando a produção através de seus recursos limitados. Em segundo: Fresco, considera que sua produção sem moeda, incapaz de calcular oferta, demanda, fatores de produção, meios de produção seja capaz de produzir abundância, algo que foi refutado na prática na URSS, mesmo com todos seus matemáticos e computadores. Quem deve se informar de história e economia, não sou eu, e isto está claro…

  4. Jeff disse:

    A URSS não tinha Internet, não tinha supercomputadores, não tinha a tecnologia e a ciência que temos hoje. E não estamos falando em “EBR de um pais só”, mas de uma global. A maior parte da demanda por ser informada em tempo real e de qualquer lugar do mundo pelas próprias pessoas (as pessoas podem simplesmente solicitar bens e serviços de qualquer lugar, a qualquer hora, em tempo real). Outra parte da demanda pode ser calculada por supercomputadores, analisando históricos, tendências, sazonalidades, etc… Para garantir a abundância pode-se ainda produzir uma pequena sobra, calculada, que tenderá ser cada vez menor com o aperfeiçoamento dos sistema. Com a tecnologia atual podemos criar um sistema de monitoramento global dos recursos, com sensores espalhados pra todo lado. Os meios de produção seriam então controlados, automaticamente, por computadores, baseados na demanda e nos recursos disponíveis. Tudo isso pode ser completamente automático, com a tecnologia disponível hoje, sem necessidade de trabalho humano. Claro que o sistema seria muito melhor e mais complexo que isso, é só uma ideia de como poderia ser, bem simplista. Ou você está por fora do potencial tecnológico atual ou ainda não sabe o que é o Projeto Vênus (ou ambos)…

    Chega a ser ridículo que ainda hoje usemos um sistema social que depende do trabalho humano pra funcionar, mesmo sem necessidade, só pra distribuir o dinheiro, que só é útil na escassez, que é gerada pelo próprio sistema, apesar da possibilidade de geração de abundância…

    Além disso, das possibilidades científicas e tecnológicas atuais, apesar das semelhanças com o Comunismo (e também com o Anarquismo e outras ideologias), as propostas são fundamentalmente diferentes. Talvez o texto de “A falácia “Prima Facie”” no guia de orientação do MZ possa ajudá-lo a entender isso: http://movimentozeitgeist.com.br/conheca-o-movimento/guia-de-orientacao

    • O problema da economia planificada independe de qualquer nível de tecnologia de informação e repousa sobre aquilo que Hayek chama de “natureza dispersa do conhecimento”. Os gostos humanos variam de acordo com suas necessidades psicológicas e mudam constantemente de forma incomensurável. Isto significa que nenhuma demanda pode ser informada em tempo real, nem mesmo se chips fossem instalados nos cérebros humanos a fins de compreender cada mudança em seus gostos por milionésimos de segundo. E como a produção se baseia num cálculo prévio à mudança, o suposto cálculo das “necessidades” não pode existir, senão por uma especulação que geraria escassez ou disperdício – o já citei anteriormente. Também citei que como Mises havia demonstrado: sem instituição privada não há mercado, e sem mercado não há preços responsáveis pela construção fatores matemáticos capazes de produzir operações contábeis cardinais: o chamado “problema de cálculo econômico”. Fresco nada sabe de economia, o que chega ser tacanho…. Duvido que seja ao menos capaz de descrever noções básicas, tais como o processo de inflação e deflação…

      • Jeff disse:

        Primeiro que não os gostos humanos não mudam tão rapidamente e tão radicalmente como você diz, isso não existe, é viagem. Apesar de que, sem as manipulações do sistema atual, do marketing, as pessoas seriam muito mais livres, dinâmicas e diferentes entre si do que são hoje. Não seria necessário implantar chips nos nossos cérebros, as pessoas poderiam simplesmente solicitar o que vão precisar, através de várias interfaces tecnológicas, poderíamos ter sensores pelo corpo, pelas casas, pelas ruas, que também dariam informações sobre nossas necessidades ao sistema, sem sabermos disso… Uma IA avançada também analisaria constantemente o comportamento das pessoas, nossos históricos, as tendências na sociedade, etc, e se anteciparia a muitas demandas. O sistema seria dinâmico, a produção mudaria a todo instante e automaticamente. Como eu disse antes, o sistema poderia ainda produzir uma pequena sobra, também calculada, para os casos de desejos inesperados, mudanças bruscas de comportamento, não informados pelas pessoas e não detectados pelo sistema. Seria uma sobra mínima, constantemente calculada, cada vez mais precisa, e menor, que não seria um desperdício, até porque tudo não utilizado poderia ser reciclado, automaticamente. Isso é como eu imagino, mas tudo isso seria concluído cientificamente, sendo com certeza muito melhor, mais eficiente, muito mais sofisticado que isso, e dinâmico. Não há um plano fixo de como esta sociedade deveria funcionar (haveria apenas plano um inicial), pois seria uma sociedade emergente, que evoluiria o tempo todo, com novas descoberta científicas, com o desenvolvimento de novas tecnologias, de novos materiais, com a evolução da consciência das pessoas…

        A necessidade de preços só existe nesta “economia” de mercado, neste sistema obsoleto, primitivo, frente as possibilidades atuais. Se Mises vivesse nos dias hoje com certeza entenderia isso… Uma economia de mercado, além de falhar absurdamente em promover o bem estar humano sustentável, é contraproducente, extremamente ineficiente, em comparação ao que pode ser feito hoje.

        Enquanto você não entender o que é uma EBR, não considerar as possibilidades atuais, vai ficar insistindo em erros básicos como este… Você tem que tentar enxergar “fora da caixa” deste sistema atual, senão fica difícil… Hoje eu vejo que esse sistema é como uma religião mesmo, os “fiéis” tem dificuldade de pensar em outra coisa (como eu também tinha).

  5. Lucas disse:

    ótima argumentação, Jeff!

  6. David Marques disse:

    Desculpe Jeff. Mas essa EBR é uma ideia praticamente falha se for mudar o sistema de uma hora pra outra, acabaria criando um comunismo verde.
    Aliás, você citou erros em relação a URSS como “bem estar social” e “tecnologia”,

    O Estado soviético atendia o bem estar social melhor que muitos países capitalistas, mas como não há evolução dos bens de consumo e serviço, as pessoas atendiam a se acomodar, e o fracasso adiante era questão de esperar. Vendo que muitos países capitalistas se destacaram economicamente entre anos 70 a 90 contribuíram para destruição de todo bloco comunista, porque estes países comunistas não conseguiam alcançar as expectativas que fortes e medianos países capitalistas alcançavam.

    Se você não sabe a URSS tinha uma tecnologia mais avançada que os EUA e Inglaterra, esse papo de URSS não tinha internet, ou melhor, comunicação em rede e supercomputadores, é o mesmo que dizer que Cuba não tem médicos.

    Ah! A EBR já existe cara dentro do próprio sistema capitalista, veja o exemplo da Alemanha e Suécia atualmente.

    • Jeff disse:

      David, EBR não é o que você está pensando, e não tem nada a ver com comunismo, apesar de haverem convergências entre esta ideologia e as CONCLUSÕES de uma EBR, mas são fundamentalmente diferentes. Sugiro que você leia o material nos sites do Projeto Venus e do Movimento Zeitgeist pra entender melhor. Mas faça como eu fiz, abra sua mente e deixe seus preconceitos de lado antes…

      Ninguém está falando em mudar o sistema de uma hora para outra, mas estimamos que poderia ser relativamente rápido, em cerca de 10 anos, nas condições ideais.

      Eu não falei que a URSS não tinha tecnologia avançada, para a época, disse que não tinha a tecnologia e a ciência que temos hoje, e que não tinha uma rede de computadores conectando toda a população, como a Internet, o que tornam, HOJE, o sistema de preços completamente obsoleto para a alocação de recursos.

      Hoje, ainda, a maior parte do trabalho humano, e praticamente todo o trabalho pesado, sujo, tedioso, insalubre, perigoso, poderiam ser automatizado sem grandes problemas, hoje. As pessoas já poderiam então ser livres do trabalho forçado, pois sobrariam praticamente apenas os trabalhos de ciências, engenharia, tecnologia, design, artes, esportes, etc, justamente o que as pessoas gostam de fazer. O conceito de trabalho nesta nova sociedade seria outro, seria sinônimo de lazer, seria lúdico, onde cada um faria o que quisesse, e quando quisesse (pois sobraria “trabalho”, não precisaríamos de milhões de engenheiros, por exemplo). Não precisamos mais, hoje, de nenhuma ideologia baseada no trabalho humano.

      A motivação para o progresso da sociedade seria justamente o fato das pessoas fazerem o que quiserem, por interesses e desafios pessoais, e também da humanidade. E “trabalhando” pelo “trabalho”, em vez de por outra coisa, por dinheiro, e em colaboração, em vez de competição, os resultados seriam ainda MUITO melhores.

      Todos os bens e serviços disponíveis, que seriam os melhores possíveis, seriam acessíveis por TODOS, sem etiquetas de preço.

      Claro que nada disso poderá se tornar realidade se não houver uma revolução de valores, se não percebemos que os nossos valores atuais, que aprendemos nesta cultura, gerada por este sistema, são valores desumanos, insustentáveis, destrutivos, e que devemos nos basear na ciência para entendermos o que realmente deve nos importar, para adotarmos um conjunto de valores verdadeiramente humanos e sustentáveis. É nisso que o Movimento Zeitgeist trabalha.

  7. David Marques disse:

    Jeff. Esse link aqui quebra seus argumentos.
    E não se esqueça de fixar a palavra “setor privado”.

    http://www.unido.org/en/what-we-do/poverty-reduction-through-productive-activities/business-investment-and-technology-services.html

  8. Wiliam disse:

    Bom, não vi muita refutação a economia baseada em recursos(EBR) nesses posts, vi mais uma defesa do livre mercado, para refutar alguma coisa você tem que apontar o que não funcionaria naquela teoria e não vi isso aqui. Os argumentos são muito superficiais parece que o caro autor do post não se aprofundou muito na EBR antes de critica-la. É inegável que o capitalismo traz muitos problemas e existem alternativas ao capitalismo do jeito que funciona hoje, o livre mercado sem intervenção do governo é uma delas, aliás é nisso que o autor acredita me parece, outra alternativa é EBR. Para criticar a EBR sugiro ao autor, um aprofundamento maior no assunto e então tecer críticas claras a pontos específicos do que na sua opinião não funcionaria, por exemplo: quanto ao LM minha principal crítica é a possibilidade de uma pessoa acumular riquezas e ter então poder sobre as outras, enquanto isso existir vai dar merda, sugiro este vídeo(https://www.youtube.com/watch?v=CtFP4w0kaog).

    • O apontamento do motivo de ser inválida está no 3º parágrafo e é de conhecimento comum na economia – exceto para Fresco que lamentávelmente nunca a estudara numa faculdade. E de fato; o termo capitalismo é genérico e muitas vezes empregado para definir economias que produzem determinados problemas – o que se difere de uma economia de livre mercado. Também devo citar que estou familirizado com as teorias de Fresco. E considero que elas pecam pelos mesmos intentos utopicos dos socialistas… Sobre o lucro; pessoas não os tem sobre as outras mais pelas as outras. São as ações voluntárias dos consumidores ao escolher um produto que mais lhe agrade que geram o lucro. Portanto, quem imprime o lucro é tanto o consumidor quanto o empreendedor. Desde que o lucro ocorra num mercado aberto a competidores sem que um deles tenha privilégios sobre os outros, não há mal algum. Os proprios consumidores escolheram os vencedores desde que satisfeitos pelo emprego, renda, bens e serviços.

  9. Wiliam disse:

    O problema do calculo econômico é de 1920, nessa época a realidade tecnológica era bem diferente da atual, hoje não só é possível atender as demandas por meio de sistemas computacionais como na verdade isso já acontece. O que controla a reposição de produtos hoje são sistemas de controle estoque que proveem muitas informações sobre o que está sendo consumido, em que quantidade em que época do ano, enfim, não é o preço que controla isso e sim a informação sobre o consumo. Alem disso IAs podem sim prever tendencias de consumo baseadas no histórico de cada pessoa, um exemplo disso é o próprio google que através de seus serviços analisa o comportamento dos usuários e sugere produtos aos mesmos. O que o preço faz na verdade é limitar a quantidade de pessoas que terá acesso a determinado produto, por exemplo se forem lançadas 10 unidades de uma ferrari verde fluorescente, somente 10 pessoas poderão te-la, no caso as que podem pagar, pra isso que o preço é realmente útil, para limitar quem tem acesso, e isso parece funcionar bem pra produtos escassos, mas o problema é que mesmo produtos que não precisariam ser escassos acabam sendo, pois quanto mais escasso mais valioso e portanto mais lucrativo, posso citar o caso de diamantes que são destruídos para que a quantidade não aumente e o seu valor continue alto, ou ainda pior, com comida que também é destruída pelo mesmo motivo, e enquanto isso mais de 1 bilhão de pessoas passam fome. Isso ao meu ver não é a melhor solução pois gera desigualdade sem necessidade em muitos casos (como na alimentação por exemplo), e a desigualdade é o fator gerador da maioria dos problemas sociais que temos hoje. Por isso digo que o 3º paragrafo não é uma refutação, não se pode pode citar teorias e estudos sem situa-los à época em que vivemos, pra dar um exemplo acreditava-se que as leis de Newton se aplicava a todo o universo, porém a física quântica mostrou que no mundo microscópico as leis de Newton simplesmente não funcionam. Não se pode ignorar o avanço tecnológico e se apegar a teorias antigas que talvez não se apliquem mais. Outra coisa, hoje em dia a demanda das pessoas não é atendida com essa suposta perfeição que os preços “proporcionam” (de novo cito o caso dos alimentos), consumimos o que tem disponível pra ser consumido, apenas isso. Numa EBR os mesmos sistemas que controlam estoques hoje poderiam ser usados, para saber onde, quando e em que quantidade repor os produtos, e ainda melhor pois poderiam estar todos integrados gerando informação ainda mais apuradas, então não entendo em que o problema do calculo econômico atrapalharia. O sistema atual tem defeitos, a EBR também não é perfeita, na minha opinião deveríamos optar pelo sistema que tem menos defeitos e que atende as necessidades da maioria das pessoas, e o mercado está longe de atender a esse quesito, pois gera cada vez mais desigualdade.

    • Wiliam disse:

      Uma coisa que esqueci de comentar é que a crítica de Mises é contra o governo impor os preços aos produtos, ao invés do próprio mercado regular os preços. No caso da EBR não existe o conceito de preço pois não existe mercado, diferente do socialismo onde existe mercado mas com uma interferência total do governo.

  10. caio disse:

    Eu vejo que os pontos abordados por ele como, o controle feito pela tecnologia, o livre mercado e se basear na abundância ao invés da escassez é possivel de ser aplicada. Só que todos os sistemas já inventados, aplicados ou não são falidos, isso inclui o capitalismo e o socialismo. Você citou que o maior genocidio foi feito pelos socialistas, mas não apontou as mortes indiretas por fome por exemplo (5 milhões de crianças anualmente), sendo que temos a capacidade de produzir (ou readequar o sistema de alimentação pois 1/3 de alimentos desperdiçados é muita coisa), só não fazemos pois é lucrativo. Não defendo ele, e não digo que o problema eh o capitalismo, até pq na Finlândia funciona que é uma maravilha. Mas o sistema atual é ineficiente e ponto. Nunca houve maior indice de trabalho escravo e desigualdade social na historia, para seguir o padrao de consumo precisariamos de pelo menos 3 planetas terra, sem contar as mudanças climaticas cada vez mais evidentes, tanto por conta do consumismo/obsolescencia programada quanto a extração massiça em florestas e tudo mais. A questão é que, do jeito que está, o ser humano (ou pelo menos alguns bilhoes de nós que não fazem oarte dos 1% dominante) nao durará. Claro que para o projeto dele funcionar e não se tornar um consumismo, a mudança teria que ser na consciência de cada um, mudando de atropocentrismo extremo para um biocentrismo leve, ou de competição para cooperação. Mas é impossivel, haver desenvolvimento sustentavel junto com desenvolvimento economico.

  11. marcos disse:

    Creio que o texto deixa claro que o comunismo é um fracasso e a dita democracia que vivenciamos hoje sem dúvida a solução. Vejamos o que temos hoje, fome, má distribuição de renda, ensino elitizado, meio ambiental danificado, doenças, etc.
    Sabemos que existe propagandas pagas mesmo em termos de ciência pagas para promover determinados produtos, até quanto se sabe sobre o fracasso da China ou Rússia com seu comunismo, e até que ponto se sabe que isso foi um grande golpe elaborado para destruir e implementar essa dita democracia para ampliar o mercado já que esses países enormes eram uma pedra no sapato de muitos psicopatas que hoje comandam o mundo?

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