A Cidade de São Paulo sempre se orgulhou de sua posição econômica quanto ao restante do país. Com um PIB estimado em R$ 700 bilhões, a cidade produz mais de 10% de toda riqueza nacional. Agora, os paulistanos que sempre se gabaram de estarem à frente do restante do país, estão apreciando a oportunidade de se demonstrarem os mais estúpidos. Nesta campanha para prefeitura de SP havia péssimas escolhas para o primeiro turno, restando no máximo; a escolha do “menos pior”. Entretanto, ao permitirem que Boulos tenha vantagem num segundo turno, ultrapassa a insanidade. 

Porque Boulos é sem dúvidas a pior opção? Por três fatores: ideológico, histórico, técnico e por suas propostas. No campo ideológico, seu tão defendido comunismo/socialismo revolucionário é responsável pelo genocídio de mais de 100 milhões de pessoas, por empobrecer boa parte da humanidade e por erguer as mais terríveis ditaduras de Lênin à Maduro. Boulos é conhecido por defender tais posturas, algo que obliterar em sua candidatura a prefeitura de SP, voltando-se a uma elite parasitária que parafraseando Nelson Rodrigues “flerta com o socialismo numa transa louca com a coca-cola”. 

O histórico de Boulos é desalentador. Durante a adolescência foi um fervoroso defensor do stalinismo e das mais perversas ditaduras socialistas. O comunista já afirmou várias vezes que Venezuela e Cuba são exemplo e que não são ditaduras.  Boulos responde a várias processos, sob inúmeras acusações tais como invasão de propriedade privada, desobediência a ordem judicial e  incitação à violência. Tecnicamente o candidato não possui qualquer experiência com gestão, tão pouco com gestão pública. Sua formação é filosófica, nunca tendo ocupado qualquer cargo que possa habilitá-lo como gestor.  

Suas representatividade como falastrão demagogo, analfabeto econômico e criminoso invasor se manifestam em sua nula experiência e capacidade como gestor como em suas propostas. Entretanto, são em suas propostas que devemos mirar nossa observação. Elas corroboram aquilo que fora dito certa vez por Friedrich Hayek, Nobel de economia em 1967: Se socialistas soubessem alguma coisa de economia, não seriam socialistas.” Suas propostas supostamente contrárias aos interesses das chamadas “elites”, enquanto supostamente direcionadas aos pobres apenas geraram o empobrecimento comum. Vamos a elas:   

1º  Teto de lucros – em principal para empresa de aplicativos. Caso o candidato fosse alfabetizado em economia saberia que tetos geram evasão de investimento. Empresas como Uber e Ifood deixariam de operar no Estado no mesmo instante destruindo mais de meio milhão de empregos (150 mil somente no Uber).  

2º Aumento dos tributos – medida afeta toda população e não somente os mais ricos. Boulos pretende aumentar o ISS. Segundo a lei lei 116/2003 todos os prestadores de serviços devem pagá-lo, incluindo os profissionais autônomos. Um dos seus inumeráveis efeitos nocivo seria um aumento das telefonias ao pintor de imóveis. Ele também defende um aumento do tributo sobre os mais ricos. Ignora a mobilidade dos recursos dos mais ricos, que diferentemente dos mais pobres podem levar seus recursos para o exterior, gerando fuga de capitais e desinvestimentos. O governo, trabalhadores e consumidores do Uruguai e Chile agradecem. 

3º Déficit da previdência. Para cobrir o déficit da previdência que esmaga o orçamento, Boulos tem uma resposta genial: aumentar o número de servidores públicos. Esta medida amplia ainda mais o gasto já exorbitante com servidores e o custo da cidade com contratações e salários, pressionado ainda mais o déficit previdenciário da população. 

4º Tarifa zero para desempregados e estudantes. Como todo bom socialista, o candidato nunca ouviu a expressão proferida pelo Nobel de economia, Milton Friedman:  “não existe almoço grátis”. O custo seria repassado através de tarifas maiores ou maior tributação sobre pessoas economicamente ativas com maior necessidade de transporte. Não passa-lhe sobre a cabeça gerar emprego e renda para desempregados e estudantes ou dar fim ao cartel dos ônibus. Pelo contrário; ao arruinar a economia e os aplicativos de transporte, Boulos apenas ampliará o problema de transporte de SP.

Em suma, as propostas de Boulos agradam uma elite progressista de socialites que se dizem engajadas no social e que adere a qualquer discurso mentiroso em prol das minorias. Basta-lhe dizer que será feito um programa para mulheres, negros e gays que seus votos estão garantidos. Isso está claro em suas intenções de votos, que se possuem a adesão de 17% dos mais ricos e apenas 2% dos mais pobres. Seu discurso de “nova política” não passa de um retorno a um petismo reformado (sempre defendido por ele) cujos efeitos serão tão devastadores quanto a Recessão de 2016. Infelizmente o paulistano parece não ter aprendido a lição.

Chris di Paulla

Em oposição a Boulos devemos apoiar inúteis e canalhas como Covas e Russomano? Nunca devemos permitir que estas sejam nossas únicas opções! Entretanto, parafraseando Dante: o inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise.

Uma recessão é uma fase econômica de retração geral na atividade econômica. A recessão é marcada pela queda do nível de produção, renda familiar, taxa de lucro, nível de investimento e aumento do desemprego, falências e capacidade ociosa. A consequente queda do consumo conduz a redução da demanda por bens de consumo e do nível geral dos preços. Todavia, porque os preços dos alimentos não param de subir? Antes de tudo, devemos compreender que existem uma série de variáveis que implicam na alta dos preços dos alimentos e não um único fator. Estas variáveis são:

1º Supervalorização do dólar. Este fenômeno cambial é oriundo de vários fatores. A principal delas são políticas econômicas do governo Trump que supervalorizaram sua moeda doméstica frente as demais. Seu impacto em nossa economia é notável. Dólar alto favorece a exportação e desfavorece a importação. Produtos de exportação, como produtos agrícolas, passam a ter preferência no mercado externo, reduzindo sua oferta interna o que eleva preços.  Entretanto, não produzimos todos os bens agrícolas que consumismos, como no caso do trigo que se torna mais caros vindo do exterior.

2º Redução da safra e dos estoques. Nos últimos dez anos, tanto a safra como os estoques de alimentos tiveram queda, em principal do arroz. Isso impactou diretamente sua oferta. No RS, que é o maior produtor de arroz do Brasil, houve um encolhimento da produção em 15% se comparado a safra anterior. Na última década o volume de arroz estocado na entressafra foi reduzido de 2.500 toneladas para 500 toneladas, o que representa uma queda de 80%. No mesmo período o numero de produtores caiu de 9000 para 6000.

3º Fatores climáticos. Outra variável fundamental para a redução da produção e alta dos preços é a ausência de chuvas nos últimos dois anos. Com açudes em níveis muito baixos, os reservatórios não se encheram plenamente, causando desabastecimento. Esta redução da disponibilidade de água, provocou uma produção menor, o que impactou fortemente a safra e os preços.

4º Tributação e protecionismo. A tributação sobre produtos alimentícios brasileiros está entre as mais elevadas do mundo, muito acima de países como EUA, Canadá e Japão. Para agravar, há décadas o governo tem praticado tarifas protecionistas visando proteger o mercado agrícola nacional. Estas tarifas encarecem produtos agrícolas importados, que já sofrem com a alta do dólar. Em períodos de Recessão e desvalorização da moeda, estes fatores implicam em preços muito acima dos níveis aceitáveis.

5º Política monetária e taxa de juros. Há décadas o Brasil segue num processo de desvalorização de sua moeda. Quando um Banco Central imprime papel moeda acima da produção de bens e serviços num dado período, a moeda se desvaloriza se comparada à bens e serviços. Isso justifica a necessidade de lançar uma cédula de R$ 200,00 para suprir valores defasados. Para agravar o governo adotou um corte na taxa de juros que afugentou rentistas internacionais, desvalorizando-a ainda mais.

6º Quarentena/Isolamento Horizontal. O covid-19 é um fator também atenuante a redução da produção em níveis agrícolas, e não somente industriais. Embora o campo dependa mais de máquinas que de trabalho humano, o setor depende de trabalho manual, industrializado e de prestação de serviços, seja na seleção de grãos, empacotamento, distribuição etc. Embora não seja o fator mais atenuante, estas condições ampliam a escassez e auxiliam a alta dos preços.

Conclusão

Não há grandes soluções a curto prazo já que há fatores climáticos e estruturais. O governo pode adotar uma nova tarifa para exportação para desestimulá-la, zerar impostos sobre a importação e sobre bens alimentícios produzidos em território nacional. Também poderá reverter a taxa básica de juros, estimulando a entrada de capitais visando valorizar sua moeda e cessar a impressão de papel moeda acima da produção de bens e serviços. A longo prazo, só podemos esperar um aumento da produção e o fim das medidas de isolamento. Devo lembrar que qualquer medida de tabelamento dos preços seria catastrófica, conduzindo a total escassez destes bens.  

Chris Di Paulla

O brasileiro tem noção do que é a inflação, embora não tenha conhecimento do que a causa.

É lamentável que o brasileiro continue se considerando um especialista em tudo, mesmo sem a menor formação. Por este motivo, difundiu-se nestes últimos dias, o mito de que a impressão de papel moeda para a nova cédula de 200 reais conduzirá a inflação. Há um erro fundamental nesta colocação; impressão de dinheiro é diferente de expansão monetária. A maior parte do dinheiro é escritural (existe apenas no mundo virtual). Apenas uma pequena parte existe em forma física.

No momento atual de desemprego, recessão e Auxílio Emergencial, muitas pessoas estão preferindo sacar o dinheiro físico nos caixas para criar reservas, o que aumentou a demanda por dinheiro físico. Logo está ocorrendo uma materialização maior do dinheiro que já existia de forma eletrônica. Cédulas de 200,00 reais não significam necessariamente inflação. Neste caso, significa uma desvalorização de nossa moeda frente ao dólar. Desde 1994 o real perdeu mais de 500% de seu valor acumulado.

Hoje, 100 reais têm a mesma capacidade de compra que R$ 17,20 tinham em junho de 1994. Devo lembrar que em economias não-fiduciárias governadas por um Banco Central é natural a desvalorização da moeda. Todavia, impulsionadas pela inflação, elas podem ocorrer de forma não saudável, como no Zimbábue e Venezuela. A solução para o país é realizar reformas estruturais como controlar os gastos públicos, reduzir os impostos e burocracias, realizar uma abertura comercial e assim aumentar a produtividade.

Em suma, não sofreremos com inflação, mas com deflação. A projeção inflacionária atual é de 1,8% em 2020 devido a queda do consumo (IPEA). Infelizmente o brasileiro tomou o hábito de opinar em assuntos que desconhece. Como dito por Rothbard: “Não é nenhum crime ser ignorante em economia, a qual, afinal, é uma disciplina específica e considerada pela maioria das pessoas uma “ciência lúgubre”. Porém, é totalmente irresponsável vociferar opiniões estridentes sobre assuntos econômicos quando se está num estado de ignorância.

Christiano Di Paulla

A ignorância econômica é uma antiga faceta brasileira que se torna mais visível no mundo das redes sociais.

Durante o período de eleições, escrevi um artigo sobre como seria meu plano de governo, caso estivesse as disputando. Tratei de economia, saúde, educação e a respeito de diversos outros setores. O fiz por um mero exercício mental após ler os planos de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Do plano de governo de Bolsonaro concordei com alguns pontos, principalmente em economia. Infelizmente muito pouco se cumpriu, principalmente pela inabilidade de articulação do governo. Guedes parece estar dormindo deste as eleições, embora acorde por alguns instantes para propor medidas equivocadas como o retorno da CPMF. Até o momento não houvera uma reforma tributária, privatizações, redução da burocracia, nem nada que possa dar fôlego a nossa economia. Quanto ao plano do PT, só me recordo de concordar com a simplificação tributária.

Visando o mesmo exercício, questionei-me sobre quais seriam minhas ações diante a pandemia? Diante um evento como este há somente três ações acrescidas de sub-medidas. São elas: 1º Isolamento Horizontal como praticado na Itália, França e Alemanha; 2º Isolamento Vertical como é feito em Hong Kong, Japão e Coreia do Sul e 3º Nenhum isolamento, deixando a cargo das ações de isolamento dos cidadãos, como ocorre na Suécia. A diferença entre os tipos de isolamentos simples: No isolamento vertical, há o isolamento de apenas um grupo de pessoas; no isolamento horizontal, não há a seleção de grupos específicos, sendo recomendado que todos fiquem em casa. Neste tipo de isolamento somente os serviços essenciais são mantidos. Por este fator ele causa maiores danos diretos à economia. Lembrando: uma vez que a economia mundial sofrerá recessão em face da pandemia, nenhuma destas medidas será suficiente para conter uma recessão nas economias nacionais.

Devo ressaltar que o isolamento vertical utilizado na Ásia se validou de várias medidas auxiliares:

  • Fechamento das escolas
  • Fechamento das fronteiras
  • Obrigatoriedade do uso de máscaras
  • Obrigatoriedade de distanciamento em metragem
  • Normas rigorosas de higiene
  • Testagem em massa
  • Rastreamento dos focos da doença
  • Conscientização da população através dos meios de comunicação
  • Multas por descumprimento das normas

Ao analisarmos as condições do sistema de saúde brasileiro, a falta de leitos, a deficiente para testagem em massa de forma tão repentina, nossa cultura social de contato físico, o baixo hábito de higienização, a dificuldade no controle e da aplicação de multas, além de outros problemas, fica claro que o Isolamento Vertical só pode ocorre num segundo momento. Ainda mais greve é não adotar alguma visto tais fatores. Portanto a única solução em curto prazo seria um rígido Isolamento Horizontal. Para tanto, realizaria uma operação conjunta entre os agentes de saúde, polícias e forças armadas para fechar as fronteiras, inserir viajantes do exterior num plano de quarentena, inibir o fluxo de pessoas nas ruas, criar barreiras de fiscalização nas estradas e para erguer hospitais e centros de quarentena em áreas com alta incidência. Nas regiões onde o foco fosse controlado, seria dada a permissão para um isolamento vertical rigoroso como na Ásia.

Há outros motivos que levam a esta conclusão: não adotar prática alguma sob a alegação de proteção dos direitos individuais e da economia me parece equivocado, pois; 1º os direitos individuais são ameaçados pela imprudência de alguns cidadãos; 2º a falta de auxílio do Governo Federal para com os Estados propiciou a continuidade da difusão do vírus e consequentemente a ampliação do tempo de isolamento, ampliando os danos à economia. Caso medidas mais enérgicas fossem tomadas mais cedo, mais cedo a economia poderia voltar a funcionar e menor seria o esforço para reerguê-la. Como isso não ocorre no Brasil, morrem mil pessoas a cada dia, a curva não se achata nem tão pouco é eliminada. Esta realidade amplia descontentamento com o governo e o país pode tornar-se o número um em mortes, o que pode ocasionar um impeachment por improbidade administrativa.

Para manter as condições de sobrevivência seria mantido o auxílio emergencial em R$ 600,00 até o fim da pandemia e não seriam cobrados valores referentes as contas de água e luz. Realizaríamos um severo corte nos gastos públicos para impedir o aumento da dívida pública em relação ao auxilio emergencial e outras medidas de controle e contenção do vírus. Todos os privilégios do alto escalão seriam cortados. Permitiríamos a flexibilização da carga horária com redução proporcional dos recebimentos e a isenção de impostos para micro e pequenas empresas. Após a pandemia seria realizado amplo programa de privatizações, desburocratização e cortes de impostos para quitar débitos e fomentar investimentos. Criaríamos um plano nacional reestruturação de pequenas e médias empresas falidas através do financiamento de bancos públicos, privados e investidores externos – atraído por um conjunto de facilidades de investimentos dadas pelas reformas anteriores.

Em todo o processo seria mantido um amplo diálogo entre os governos federais e estaduais, a mídia e a população – ao contrário do que é feito pelo governo atual. O mais importante de tudo seria a mobilização de investimentos massivos em pesquisa para se encontrar uma vacina, tal como está sendo feito por superpotências como EUA, Grã-Bretanha, Rússia e China. Encontrá-la antes, além de salvar vidas em todo o mundo, aumentaria a credibilidade do país no exterior. Acredito que a partir destas medidas o covid-19 os impactos do covid-19 seriam menos nefastos, o governo não estaria desestabilizado e assim poderiam ser realizadas reformas profundas a fins de melhorar o país. Particularmente não sou otimista quanto ao desfecho deste trágico episódio da história brasileira. Mas acredito que devemos torcer pelo país e esperar para corroborar ou não, tais considerações…

Chris Di Paulla

Um governo cujo boa parte é composta por militares deveria ser o primeiro a traçar um amplo plano estratégico, com apoio dos militares para conter a pandemia.

Nenhuma pessoa minimamente alfabetizada em economia acreditaria na mais-valia há 100 anos atrás. Hoje isso é tão insano quanto acreditar em geocentrismo. Neste breve artigo dissertarei sobre este tema através de exemplos simples para que esta falácia seja mais uma vez demolida, tal como é constantemente feito por economistas desde a publicação de A Teoria da Exploração do Socialismo-Comunismo, de Eugen Von Böhm-Bawerk, em 1889. Para tanto, iremos inicialmente compreender o conceito de mais-valia, que se valida da teoria do valor-trabalho de Ricardo. Somente então à compreenderemos a luz da Revolução Marginalista e de outros conceitos econômicos, muitos já enunciados na época de Marx.

Segundo Marx o valor das coisas depende do “trabalho socialmente necessário a a produção”. O lucro do empresário (que supostamente nada produz) deriva de horas não pagas do trabalho desprendido pelos seus contratados. Ele chamou esta diferença de “mais-valia”. Todavia o trabalho por si só não confere valor. Uma terra não laborada ou um diamante não lapidado terão valor mesmo sem nenhum trabalho. Caso um pecuarista produza vacas durante meses e se de uma hora para outra, os consumidores deixarem de comprá-la com medo de uma pandemia originária de sua carne, ela não terá qualquer valor. Além disso, o trabalho não é homogêneo, logo não pode ser uma medida universal de valor. Uma hora do trabalho de Picasso é milhares de vezes mais valorizada (e precificada) que de um artista amador.

O valor não é físico, mas abstrato. Ele é subjetivo e depende da lei de oferta e procura. Se o empresário produzir um bem que não agradará seus consumidores, sua demanda será baixa, suas receitas serão menores que os custos e ele terá prejuízo. Além disso, o processo de produção à venda poderá demandar meses e seu retorno é incerto. Neste período os trabalhadores assim como fornecedores de água, luz, transportadoras ou locadores do espaço receberão uma renda fixa baseada numa unidade de medida; horas trabalhadas, megawatts fornecidos, litros de água consumidos, quilômetros percorridos ou metros alugados. Durante o processo produtivo, nenhum dos colaboradores partilhará dos riscos, lucros e prejuízos, mesmo porque não foram investidores e nem ministradores da produção. Marx nunca notou que com exceção dos investidores, todos os colaboradores recebem pelo mesmo princípio.

Marx inverte o processo de formação de salários, receitas e lucros. Primeiramente o empresário calcula os valor de todos os insumos necessários, incluindo o trabalho ao analisar os salários pagos no mercado. Deste modo encontra o preço médio unitário das mercadorias, estipula uma possível margem de lucro (mark-up) e somente então, contrata a mão-de-obra para realizar o trabalho, uma vez que considere viável. A partir deste ponto os bens serão produzidos, estocados e talvez vendidos. Durante todo este processo há incerteza e as receitas e lucros flutuam de acordo com variáveis organizacionais e mercadológicas. Portanto, os salários são formatados antes mesmo da produção, muito antes do resultado final e independe do valor gerado a posteriori. Caso os lucros realmente dependessem de uma parcela não paga dos salários, os lucros não variariam tanto e tão constantemente quanto os salários.

Faz-se necessário mencionar que caso a mais-valia fizesse algum sentido, toda vez que o empresário obtém prejuízo, ou seja; quando suas receitas são menores que seus custos, ele pagaria a mais-valia ao trabalhador. Nesse sentido, imaginemos um situação de prejuízo em que o trabalhador tenha produzido bens sob o custo salarial de $ 1000, mas suas vendas proporcionaram uma receita de $ 800. Seu retorno estaria $ 200 acima do valor que gerou no mercado. Ao receber renda fixa sem que o resultado final seja concebido, os colaboradores blindados do risco não são explorado, mas ajudados. Já imaginou se trabalhadores e demais colaboradores tivessem que esperar o resultado final para receber, leiloar bens para quitar a diferença de prejuízos ou se decretassem falência?

Como se não bastasse todo os erros teóricos de Marx, em nossa época há diversos outros fatores que o sepultam. Em primeiro, em várias empresas os funcionários recebem bônus de participação dos lucros e podem adquirir ações ordinárias com poder de voto. Deste modo passa a atuar como colaboradores assalariados, financiadores e ministradores. Além disso, em países mais desenvolvidos, a popularização de investimentos em mercado de capitais através de pregões eletrônicos, instituições financeiras e títulos do tesouro, permitem que o trabalhador possa ampliar sua renda através do capital especulativo. São assalariados que vivem de capital e sob poder de influenciar o mesmo… Em suma e com tudo antes descrito; o conceito de mais-valia não possui o menor sentido.

Fica a primeira pergunta: como os salários se formatam no mercado? Em um exemplo simples, se numa cidade do interior tivermos três padarias e um padeiro, elas muito provavelmente competirão por ele, elevando seus salários e benefícios. Do contrário, caso tenhamos três padarias e dez padeiros, seu rendimento será menor e eles muito provavelmente terão que mudar de profissão… O que os colaboradores recebem não depende do trabalho gasto em seus produtos, nem do quanto o empresário receberá ao final, mas da demanda pelo seu serviço. Portanto é a lei da oferta e da procura responsável pela formação de preços e salários – algo conhecido por Marx, mas obliterado de suas obras – o que considero proposital e com fins políticos.

Fica a segunda pergunta: de onde se originam os lucros?! Lucro é uma situação onde as receitas são maiores que os custos. Ele ocorre devido à atividade empresarial. O empresário é tal como um “maestro numa orquestra”, rege a produção, visando obter um resultado em longo prazo. O valor adicional que adquirem os bens e serviços ao serem transformados durante este processo é chamado de “valor agregado” e se refere às características relevantes que o produto ou serviço possuem para os consumidores. Obtém-se lucro ao reger ou financiar determinado empreendimento, gerando bens e serviços que estejam de acordo com as necessidades dos consumidores, de modo que pagarão um adicional para obtê-los. Lucros e prejuízos representam uma condição de excelência ou não, servindo como um transmissor de informação que permite a melhoria da gestão.

Diante todas estas considerações fica claro que o lucro e o salários se formatam sob certa independência. Além disso, existe uma série de fatores que influenciam suas dimensões. No que tange a formação dos preços e consequentemente a margem de lucro: custos diretos e indiretos; despesas fixas e variáveis; margem de contribuição; o fenômeno dos juros e do desconto; tipologia do mercado; geração de leads; taxa de conversão; ticket médio; controle financeiro; promoções; mark-up etc. No que diz respeito a formação do salário: taxa de desocupação; mercado de trabalho; ramo da atividade; capacitação da mão de obra; valor relativo do colaborador; custos das normas trabalhistas; política salarial da empresa; custo de vida etc. Portanto há um número assombroso de variáveis que modelam o lucro e a receita não concebidas na teoria da mais-valia.

Conclusão

A Revolução Marginalista derrubou a teoria do valor-trabalho de Ricardo – pilar central da teoria marxista da mais-valia. Ao invés de aceitar este fato, o filósofo e pseudo-economista atacou os economistas austríacos e estadunidenses de forma leviana, chamando-os de falsos economistas ou “economistas burgueses a serviço do capital”. De qualquer forma, Marx ignorou a lei da oferta e da procura, o valor subjetivo, noção de riscos, temporalidade do processo produtivo, processo de formação de capital, o mercado de capitais, além de demonstrar-se totalmente leigo quanto a Contabilidade de Custos e assim construíra sua descabida teoria da mais-valia e da exploração do trabalho. Sua permanência no imaginário acadêmico e popular se devem a mero tradicionalismo além do mais absoluto desconhecimento de princípios básicos da economia e da administração.

Chris di Paulla

Referências:

BÖHM-BAWERK, Eugen Von. A Teoria da Exploração do Socialismo-Comunismo. 1889

GARCIA, Alceu. A Escola Austríaca e a refutação cabal do socialismo. 2012

MARX, Karl. O Capital. 1876

SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. 1776

B

De Saint Simons à Marx; de Lênin à Nicolas Maduro o socialismo/marxismo provou-se a mais cruel das pseudofilosofias, a mais genocida das formas de governo e maior disseminador de miséria e tirania de toda a história da humanidade. Na China entre 45 e 60 milhões de vítimas, no Camboja 1/3 de toda a população, na Venezuela total escassez, e assim por diante. É difícil descrever tal monstro, suas falácias, desejos obscuros de pilhagem e dominação – este que é o inimigo supremo da humanidade. Entretanto é possível escrever uma lista de pensamentos que traduzem seu horror. Neste pequeno artigo trouxe 20 frases para a reflexão, visando trazer luz ao pensamento para que este mal seja expurgado em definitivo:

“Do começo até o fim, não apenas O Capital, mas toda sua obra [Karl Marx] reflete uma desconsideração pela verdade que às vezes beira o desespero. Essa é a razão primária pela qual o marxismo, enquanto um sistema, não pode chegar aos resultados que lhe imputam, sendo que chamá-lo de “científico” chega a ser um absurdo.” Paul Johnson.

“Todo o evangelho de Karl Marx pode ser resumido em duas frases: Odeie o indivíduo mais bem-sucedido do que você. Odeie qualquer pessoa que esteja em melhor situação do que a sua.” Henry Hazlitt

“Os socialistas, que são críticos diligentes, apresentam-se como dogmáticos muito fracos (…) Não buscam a reflexão crítica: simplesmente, seguem suas próprias emoções. Acreditam na teoria da exploração porque ela lhes agrada, não importando que seja falsa. Acreditariam nela mesmo que sua fundamentação fosse ainda pior do que é.” Böhm-Bawerk

“O socialismo é a filosofia do fracasso, a crença na ignorância, a pregação da inveja. Seu defeito inerente é a distribuição igualitária da miséria.” Winston Churchill

“A marca do fracasso do comunismo não é a queda do muro de Berlim em 1989, mas a sua construção em 1961. Foi a prova de que o “socialismo real” havia alcançado um ponto de decomposição tal que se via obrigado a trancar os que queriam fugir para impedir-lhes de fugir.” Jean François Revel

“Se socialistas soubessem alguma coisa de economia, eles não seriam socialistas.” Friedrich Hayek

“Uma sociedade que escolhe entre o capitalismo e o socialismo não escolhe entre dois sistemas sociais; escolhe entre cooperação social e desintegração da sociedade. O socialismo não é uma alternativa para qualquer sistema em que os homens possam viver como seres humanos.” Ludwig Von Mises

“A Rússia, a China e Cuba são nações que assassinaram todas as liberdades, todos os direitos humanos, que desumanizaram o homem e o transformaram no anti-homem, na anti-pessoa. A história socialista é um gigantesco mural de sangue e excremento.” Nelson Rodrigues

“A unica coisa que o socialismo fez pelos mais pobres, foi ter trazido a eles, bastante companhia.” Lawrence W. Reed

“Fascismo e comunismo não são dois opostos, são dois grupos rivais brigando por um mesmo território. . . ambos são variantes do estatismo, com base no princípio coletivista que o homem é escravo sem direitos do Estado.” Ayn Rand

“Os marxistas inteligentes são patifes. Os marxistas honestos são burros. E os inteligentes e honestos nunca são marxistas.” Osvaldo de Meira Penna

“O colapso do socialismo não foi mero acidente histórico, resultante da barbárie da União Soviética ou da perversão de carniceiros como Stalin e Mao Tsé-Tung. Era algo cientificamente previsível. Os aludidos cientistas sociais teriam certamente chegado a essa conclusão se, ao invés de treslerem a história, tivessem lido os grandes liberais austríacos.” Roberto Campos

“Os comunistas são as pessoas que leram Marx e Engels, os anti-comunistas são aqueles que entenderam.” Ronald Reagan

“O sistema econômico marxista, tão elogiado por hostes de pretensos intelectuais, não passa de um emaranhado confuso de arbitrárias e conflitantes.” Ludwig Von Mises

“Quando comunistas chegam ao poder, não interessa onde, pode ser na Rússia, na Polônia, em Cuba, na Nicarágua, não interessa, na China. Inicialmente eles assassinam em torno de 10% da população a fim de reestruturar o tecido da sociedade.” Vladmir Bukovsky

“O marxismo é a maior fraude da história do pensamento humano.” Jesus Huerta de Soto

“A violência comunista não foi mera aberração da psique eslava, mas sim algo diabolicamente inerente à engenharia social marxista, que, querendo reformar o homem pela força, transforma os dissidentes primeiro em inimigos, e depois em vítimas.” Roberto Campos

“O comunismo não é a fraternidade; é a invasão do ódio entre as classes. Não é a reconciliação dos homens; é a sua exterminação mútua. Dissolverá a humanidade.” Rui Barbosa.

“Os regimes comunistas tornaram o crime em massa uma nova forma de governo.” Stéphane Courtois

“Se o que há de lixo moral e mental em todos os cérebros pudesse ser varrido e reunido, e com ele se formar uma figura gigantesca, tal seria a figura do comunismo, inimigo supremo da liberdade e da humanidade, como o é tudo quanto dorme nos baixos instintos que se escondem em cada um de nós.” Fernando Pessoa

Christiano di Paulla

Durante a crise econômica ocasionada pelo coronavírus observei a formação de quatro grandes mitos anticapitalistas com reação a habilidade do mercado em conceber soluções para o problema. Quanto ao primeiro mito, devemos estar atentos para uma possível mudança de paradigma, o que por sua vez não implica em qualquer “falha do mercado”. Estes mitos surgiram do oportunismo e da ignorância a cerca das evidencias e das leis econômicas por parte daqueles que constantemente tentam se aproveitar de situações de crise na tentativa de sufocar o pensamento laissez-faire. Contudo seus argumentos são novamente enfadonhos; um emaranhado de falácias auto-refutáveis que destrincharei daqui por diante.

Há quatro grandes mitos sobre a crise de 2020: Primeiro mito: travar a economia impondo quarentena forçada a toda a população é a única forma viável de controlar o coronavírus – o que não sugere que o mesmo possa ser replicado no mundo todo. Segundo mito: o controle do vírus só pode ser realizado através de um sistema público de saúde. Terceiro mito: a economia de mercado e sua “mão-livre” falharam, seja para encontrar soluções, como para servir a população em períodos de crise. Quarto e último mito: esta crise deixou clara a necessidade de uma intervenção aos moldes keynesianos para salvar empresas e controlar as “instabilidades do mercado”.

Primeiro mito: Até a presente data (06/04/20) Hong Kong, Coreia do Sul e Japão, vizinhos da China, conseguiram controlar o coronavírus sem impor quarentena a toda população. Seu comércio e a indústria não pararam (Singapura voltou atrás à alguns dias). Foram adotados várias ações; infectados e familiares colocados em quarentena, escolas fechadas, exigido distanciamento no trabalho, ocorreram exames em massa, informações são transmitidas pelas mídias, a tecnologia é utilizada para rastrear focos, aplicadas normas rígidas de higiene e multas pelo descumprimento. Além disso, a quarentena é obrigatória para qualquer viajante do exterior.

Segundo mito: Luxemburgo, Suíça, Holanda e Alemanha não possuem sistemas públicos de saúde e conseguiram controlar o vírus com maestria. Como exemplo, na Alemanha há dois seguros obrigatórios; o estatal (Gesetzliche Krankenversicherung) que equivale a taxa de 14,6% da renda bruta e o privado (Private Krankenversicherung), contratado por pessoas que recebam um valor anual bruto superior a 60.750 euros. O país conta com 25.000 leitos contra 5.000 da Itália e uma mortalidade de 0,35% contra 9% da Itália. Este sistema permitiu que exames em massa fossem realizados nos inumeráveis hospitais da rede privada, diagnosticando a epidemia desde seu início, permitindo o controle.

Terceiro mito: A crise financeira global de 2020 ocorre não em função de uma “falha de mercado”, mas de um fator exógeno; a intervenção do Estado. Ao impor quarentena forçada a consumidores, trabalhadores e produtores, o governo reduziu tanto a oferta como a demanda agregada. Desta forma o Estado foi o único responsável por atar a “mão-livre” sobre a economia. Esta medida produziu escassez e inflação (confundida com um suposto oportunismo dos empresários), desemprego e estagnação econômica. Portanto, vociferar que o mercado é responsável por uma crise causada pela intervenção do Estado é uma nítida falácia de inversão de causa e efeito.

Quarto mito: Em períodos de crise optam pela expansão dos gastos públicos visando aumentar a demanda agregada. Isso não faz sentido, já que os demandantes estão obstruídos pela quarentena. Imprimir dinheiro não criará novos bens de capital, nem ressuscitará as linhas de produção paradas. Em contrapartida poderiam; 1º buscar uma alternativa à quarentena irrestrita; 2º intensificar a pesquisa científica em torno do vírus; 3º reduzir os gastos públicos; 4º permitir que empresas em dificuldade adiem o pagamento de tributos; 5º reduzir os encargos trabalhistas e; 6º controlar a inflação monetária. No pós-quarentena: 1º abolir tributos e barreiras alfandegárias; 2° facilitar o financiamento empresarial; e 3º reduzir a burocracia.

Com relação ao último item, a intervenção do governo pode ter efeitos contrários aos esperados. A impressão de papel moeda e expansão do crédito ampliam o efeito inflacionário obtido pelas paradas linhas de produção, a emissão de títulos da dívida pública desvalorizará estes ativos, enquanto o aumento da dívida poderá tornar países insolventes. E uma vez que estes efeitos só podem ser sentidos a longo prazo, é provável que governos abusem da receita keynesiana, obtendo resultados contrários aos esperados. Nesse sentido, seus efeitos colaterais serão os mesmos, embora em proporções diferentes, segundo sua dosagem. Como descrito por Geller:

O que é definitivo é que, infelizmente, os danos econômicos causados por um surto viral aparentemente fora de controle não podem ser abolidos totalmente por meio de truques fiscais e monetários. Quem dera fosse tão simples assim.

Conclusão

Só o tempo dirá se países da ásia oriental como a Coreia do Sul, cessaram suas atividades industriais e comerciais, adotando uma quarentena irrestrita. Independentemente deste desfecho, está claro que as respostas dos mecanismos de mercado não são o pivô da crise financeira de 2020, mas o Estado; seja pelas ações do Partido Comunista Chinês ao encobrir dados a respeito da pandemia, permitindo sua proliferação; seja na imposição da paralisia das atividades econômicas. Infelizmente, muito provavelmente esta crise nos levará a uma estagflação com efeitos devastadores – o que descreverei no próximo artigo.

Referências Biográficas:

AFP. O mistério do baixo número de mortos por coronavírus na Alemanha. Isto É. 19 de março de 2020

BUCKLEY, Chris, MYERS, Steven Lee.Como a omissão do governo chinês pode ter contribuído para a disseminação do coronavírus. New York Times. 02 de Fevereiro de 2020.

G1. Como Taiwan, Singapura e Hong Kong conseguiram controlar o coronavírus sem medidas drásticas. O Globo. 14/03/2020

GELLER. Anthony P. Geller Coronavírus: um caso raro de choque de oferta e de demanda – e suas possíveis consequências nefastas: E o que deveria ser feito. 11 de março de 2020

MAGNI, Stefano. Como três países contiveram o coronavírus sem acabar com a liberdade. Gazeta do Povo. 12 de março de 2020

PAUL, Fernanda. Coronavírus: como o Japão tem conseguido conter avanço da doença sem quarentena em massa BBC News Mundo. 26 de março 2020

SOBRINHO, Wanderley Preite. Documento indica que Xi Jinping sabia do coronavírus desde o começo do ano.Sobrinho. UOL, em São Paulo. 17 de Fevereiro de 2020

WERNECK, Rachel. Sistema de saúde na Alemanha: entenda como funciona. EuroDicas. 17 de outubro de 2019

Christiano Di Paulla

pessoas-com-mascara

O Japão é um dos países que controlaram o coronavírus com a imposição do uso de máscaras, isolamento social, normas rígidas de higiene, exames em massa e controle dos focos – sem travar toda sua economia.

Diante os primeiros anos de 2020 o Brasil foi impactado por uma alta histórica do dólar. A moeda foi cotada em 27 de fevereiro a R$ 4,50 – uma alta histórica desde a formação da moeda em 1994. Muito têm se dito a respeito desta alta, embora pouca clareza tenha sido dada ao tema. Neste breve artigo descreverei os principais motivos para a alta do dólar para que o obscurantismo que toma o tema seja dissipado, pelo menos para os meus leitores. Vamos a eles. A alta do dólar alguns principais motivos como a Recessão de 2014, o cenário político na América Latina e no mundo, a política econômica de Donald Trump e o Corona Vírus, dentre outros.

Em janeiro de 2014 o dólar estava cotado a R$ 2,10. Já em janeiro de 2016 – alguns meses antes do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff o dólar tinha chegado a R$ 4,00 – um aumento de quase 100%. O motivo é a Recessão financeira que o país estava enfrentando. Isso porquê quando uma economia entra em recessão é comprometia a sua capacidade de honrar com dívidas externas, ela se torna menos competitiva e menos atrativa internacionalmente, assim imprimindo receio quanto a investimentos futuros. Desta forma os investidores deixam de aplicar seus recursos no país, o que prejudica o rating e a entrada de investimentos, o que por sua vez deprecia a moeda.

Embora os investidores tenham visto a eleição do presidente Bolsonaro com bons olhos, o país ainda não foi capaz de alavancar sua economia, já que ainda tramita a reforma tributária e administrativa – necessárias para melhoria do ambiente e o retorno dos investimentos. Além disso a redução taxa de juros tem o efeito de tornar o país menos atrativos para rentistas que fazem deposito em moeda estrangeira. Este tipo de política econômica deixa claro que o governo está interessado em atrair investidores e não rentistas, o que por sua vez depende das reformas necessárias já mencionadas. Como se não bastasse o fracasso do leilão do pré-sal demonstrou que o país ainda enfrenta problemas para atrair investidores.

Outro motivo para a alta do dólar é o cenário político internacional marcado pela guerra comercial entre EUA e China e o protecionismo quanto a produtos brasileiros. Há também o cenário de crise política e econômica na América Latina em países como Argentina e Venezuela. Para agravar há um fator extremamente relevante; a valorização do dólar frente as moedas internacionais.  A política econômica tributária e regulatória do atual governo dos EUA estimulou o retorno de meio trilhão de dólares na economia somente no primeiro da gestão Trump – o que se segue até os dias atuais impulsionando a supervalorização do dólar.

Por fim devemos citar o Corona Vírus, um dos principais fatores para a alta do dólar neste inicio de ano.  Desta forma podemos concluir que há uma série de fatores para a alta do dólar, fatores estes que vão desde o cenário de crise dos últimos anos a um vírus letal recentemente difundido. A alta da moeda é negativa principalmente para a indústria que depende de maquinário importado. Ela também impacta a economia brasileira desde o preço do pão à computadores domésticos. É provável que o real chega a alcançar até mesmo R$ 5,00 nas próximas semanas.

Christiano di Paulla

image

Um dos fatores mais atenuantes para a desvalorização do real é o fato de que o dólar tem se valorizado com relação as demais moedas. 

Recentemente o Chile fora alvo de intensos protestos em face ao aumento da tarifa de transporte coletivo. Estas manifestações culminaram em uma série de reivindicações de cunho socioeconômico em critica ao sistema liberal implementado no início dos anos 70 pelo regime de Augusto Pinochet e mantidos pelos governos democraticamente estabelecidos. Este artigo visa examinar os argumentos tendo como base uma série de dados empíricos cuja crítica não é passiva à mera ideologia política.

Os protestos tiveram início com o aumento da tarifa dos transportes públicos que saltaram de 800 para 830 pesos que convertido a moeda brasileira são menos que insignificantes R$ 0,20 – totalmente de acordo com a inflação chilena. Aproveitando-se dos erros do atual governo em reprimir as manifestações, os socialistas chilenos logo se manifestaram contra várias facetas do modelo liberal vigente no país. Argumenta-se que a economia de mercado chilena não beneficiou a população mais pobre, que sua previdência gerou suicídios entre idoso e numa situação econômica supostamente catastrófica.

Os socialistas chilenos também argumentam que o modelo favoreceu a corrupção, baixos salários e ampliou as desigualdades sociais. Estes ideólogos desejam que o modelo seja abolido em nome de um modelo socialista que em muito é similar ao implantando pelos países vizinhos baseado na estatização, pesada tributação e todo tipo de ação afirmativa. Seriam estas alegações verdadeiras ou apenas um apanhando de mentiras contadas com fins políticos obscuros?! Cabe agora analisarmos as evidências e contrastá-las com estes argumentos.

Análise de Dados

Primeiramente analisaremos a condição dos mais pobres. Antes das reformas liberais a taxa de pobreza relativa do Chile era de 68%. Em 2018 a taxa caiu para 8,6%, a segunda menor da América Latina. Já a taxa de pobreza extrema medida pelo Banco Mundial está em 1,3%. Em termo de redução da pobreza o país perde somente para o Uruguai, seguindo fielmente as metas estabelecidas pelas Nações Unidas. Cabe lembrar que esta taxa tem caído exponencialmente de modo que a pobreza podendo ser totalmente eliminada ainda nesta década.

images (1)

Redução da pobreza relativa no Chile nas últimas décadas. Fonte: LyD / Governo do Chile

O Gini do Chile é está abaixo de países da América Latina como Brasil, Colômbia e México e na média de países como Argentina, Equador e Uruguai. Já a renda per capita do Chile é a segunda maior da América Latina (US$ 15.346). Este valor é geralmente 2 vezes a média dos demais países da região e cerca 40% acima de países como Brasil e México. Neste quesito o Chile novamente só perde para o Uruguai e para as potencias anglo-saxônicas. Sua média salarial é de US$ 939 contra US$ 598 do Brasil. A renda média chilena é geralmente 50% maior que das demais nações latinas.

DPkS1cAW0AAxLlo (1)

Diferença entre o PIB do Chile capitalista e da Venezuela socialista tão defendida pelos manifestantes. Fonte: FMI

Os gastos do governo chileno são os menores da região e sua dívida pública é uma das menores do mundo, situada em meros 23% do PIB. No Brasil o endividamento público chega a 87,89% enquanto no Japão à astronômicos 243%. Seguindo uma característica liberal o Chile é o 4° país menos corrupto das Américas segundo o Índice de Percepção de Corrupção, posicionado na 27º colocação. Está somente atrás de EUA, Canadá e Uruguai. O Chile também é um dos países mais pacíficos do mundo. A taxa de homicídios do Chile é de 4,30 o que representa a segunda menor em toda a América, perdendo somente para o Canadá.

statescountries

A taxa de homicídios do Chile é a segunda menor de todas as Américas perdendo somente para o Canadá e alguns estados americanos. Fonte: Mises.Org

Em qualidade de vida o país ocupa a 44º posição no Índice de Desenvolvimento Humano, o patamar mais elevado dentre os países latinos. Isso coloca o Chile como primeiro país da América Latina entre as nações desenvolvidas. Em todo continente o país perde somente para EUA e Canadá. Na educação o Chile mantém entre os 40 primeiros colocados ocupando a primeira colocação entre os países região segundo o PISA. Como descrito pela OMS seu sistema de saúde é o segundo melhor de todo continente (27º colocação) perdendo somente para o Canadá.

images

A educação chilena é de longe a mais avançada da América Latina. Fonte: WorldBank

Agora analisaremos sua tão criticada previdÇencia. A previdência chilena tem um desconto de 10% da renda e possui um retorno de 34%. Este é o mesmo patamar de Rússia (34%), Japão (35%), Estados Unidos (38%) e Alemanha (38%) estando acima de Reino Unido (22%), México (26%) e Austrália (32%). Suas taxas de retorno estão entre 0,7 e 1,5% como qualquer instituição internacional. No Brasil o desconto é de 31% (11% do trabalhador e 20% do empregador) e o retorno é de 70%. Caso o Brasil adotasse o modelo chileno em seu desconto atual poder-se-ia alcançar um rendimento de até 108% ou seja; 38% mais elevado.

Há também o mito de que seu sistema previdenciário fomentou o suicido de milhares idosos. Desmistificando, segundo a OCDE em 2016 o Chile ficou na 118ª posição na lista dos países ranqueados por taxa de suicídio na população acima de 70 anos. Além disso, sua previdência permitiu uma economia orçamentaria, concentrou a poupança e os investimentos no país e permitiu investimentos em áreas estratégicas, contribuindo fortemente para seu desenvolvimento econômico. Devo lembrar que o Chile não sofre com imenso déficit previdenciário dos países latinos ou com seu endividamento exponencial.

Conclusão

Os principais dados empíricos sob a realidade socioeconômica do Chile evidenciam que em todo o continente o país só perde em desenvolvimento para EUA e Canadá. Em poucos indicadores é vencido pelo Uruguai, embora seja de longe o primeiro locado em desenvolvimento em toda região. As evidencias indicam que tais melhorias ocorreram posteriormente à adesão ao modelo inspirado pela Escola de Chicago. Isso é demonstrando em vários indicadores, um deles; o crescimento do PIB per capita a partir de 1980. Isso porque seu modelo econômico está mais alinhado para ao anglo-saxônico que os latino-americanos desenvolvimentistas e socialistas.

Infelizmente mesmo que o chileno tenha a melhor educação na América Latina, ainda sim vive como a maioria das pessoas em todo mundo; sob o total desconhecimento a respeito da economia do próprio país. Apoiado por esta ignorância parte da população chilena se deixou conduzir pelo oportunismo ideológico da esquerda frustrada com consecutivas derrotas eleitorais. Já as ações repressivas da direita conservadora são o combustível que amplia a tensão e cega a população quanto à própria realidade. Caso as reivindicações socialistas chilenas fossem cumpridas o Chile se distanciaria do Canadá e EUA rumo à Argentina e Venezuela.

Referências:

  • World Bank. Chile Data Index. 2018
  • Human Development Index. Economic Times. Dezembro de 2017
  • Heritage Foundation. Index Economic Freedom. 2018
  • TANDON, Ajay; MURRAY Christopher et al. Measuring overall health system performance for 191 Countries. World Health Organization. 2000
  • OCDE. Programme for International Student Assessment – PISA. 2017
  • MCMAKEN, Ryan. The Mistake of Only Comparing US Murder Rates to “Developed” Countries. Mises.Org. 2015
  • Corruption Perceptions Index 2017. Transparency International.  Ultimo acesso: 22/10/2019
  • GUROVITZ, Helio. É tudo culpa do “neoliberalismo”? O Globo. 22/10/2019
  • IndexMundi. GINI index (World Bank estimate) – Country Ranking. 2018
  • World Economic Outlook Database. International Monetary Fund. 18 de abril de 2017

Christiano Di Paulla

066646da19bc4aaeff0044b254e737cd4effa109

“Grande parte da história social do mundo ocidental nas últimas três décadas tem sido uma história de substituir o que funcionava pelo que parecia bom.” – Thomas Sowell

Em um ambiente interconectado em que política e ciência são temas bastante discutidos, tanto que chamamos de “direita” como “esquerda” ignoram fatos frente à ideologia. Enquanto a “direita conservadora” nega as mudanças climáticas e defende o criacionismo, a “esquerda progressista” se opõe a utilização da energia nuclear e defende uma economia socialista. Não obstante a ala mais radical da esquerda é defensora do pseudo-cientificismo das teorias marxistas e da implementação de um regime comunista.

Esta perspectiva chama à atenção devido a sua ampla disseminação no mundo acadêmico mesmo que seus princípios fundamentais da teoria marxista/socialista tenham sido cabalmente refutados há mais de um século. Neste breve artigo trataremos dos principais estudos que que demonstram as falácias, utopismos do sistema socialista-marxista e motivos pelo qual estes modelos sempre fracassam. Desta forma leitores interessados poderão procurar por estas obras e tirar suas conclusões.  Noutros artigos já tratei da devida refutação a cada um deles.

  1. Em 1871 houve a “Revolução Marginalista” dando início economia neoclássica, matemática e austríaca. Hermann Heinrich Gossen, William Stanley Jevons, Léon Walras, Carl Menger e Alfred Marshall desenvolveram o princípio de utilidade marginal e valor subjetivo. Estes princípios demoliram a teoria valor-trabalho de David Ricardo; pilar central da teoria marxista.
  2. Em 1884 Eugen Von Bawerk em sua obra Capital e Juro refutou a teoria da mais-valia e da exploração capitalista utilizando-se da utilidade marginal, teoria de juros e prejuízos líquidos, temporalidade do processo de produção, dentre outras premissas. Em 1989 na obra Teoria da Exploração do Socialismo-Comunismo, estende estes argumentos desmembrando a teoria da exploração. Posteriormente economistas e contadores passaram a estudar a necessidade de fluxo de caixa, flutuações econômicas e noção de risco que fortalecem suas premissas.
  3. Em 1920 Ludwig Von Mises demonstrou a impossibilidade do sistema socialista funcionar devido ao “problema de cálculo econômico”. Sem propriedade privada não há mercado, formação de preços e consequentemente não há meios de realizar cálculos econômicos. Por estas vias a economia perde a racionalidade matemática se tornando impossível conceber a combinação de fatores mais produtivos ou até mesmo acentuar oferta à demanda etc. Em suma, sem o sistema de preços não há como realizar cálculos de contabilidade geral, contabilidade de custos, matemática financeira, logística e assim por diante.
  4. Em 1933 Karl Popper na obra A Lógica da Pesquisa Científica demonstrou que o método do materialismo histórico de Marx e suas demais teses não se baseiam no método científico, pois não utilizam dados empíricos, nem permitem a avaliação da falseabilidade. Marx criou um método que rejeita não somente o método utilizado em ciências naturais e sociais, como deturpa a dialética de Aristóteles à Hegel.
  5. Em 1944 Karl Popper em A Miséria do Historicismo e mais tarde Ludwig Von Mises em 1957 na obra Teoria e História refutam cabalmente o “materialismo histórico” e o conceito de “luta de classes” devido a; reducionismo, materialismo, polilogismo, generalização equivocada, erros de terminologia etc.
  6. Em 1944 Friedrich Hayek em O Caminho da Servidão demonstrou que os sistemas socialistas são ineficientes devido ao princípio de “dispersão do conhecimento” e que ao suprir direitos de propriedade privada conduzem irredutivelmente à uma condição totalitária, o que lhe rendeu o Nobel de Economia em 1974. Esta concepção foi observada em todos os experimentos socialistas/marxistas da Rússia Bolchevique até a atual Venezuela.
  7. Economistas e historiadores como George Reisman analisaram as obras de Marx de forma minuciosa e descobriram que em nenhum momento, o próprio Marx jamais descreveu como seria o funcionamento da sociedade comunista, apenas se esforçando para justificar uma revolução com um viés claramente político e ideológico, distante da realidade prática.

Laboratorialmente os falanstérios do século XIX, Rússia marxista dos primeiros anos de revolução, Rússia Leninista da “Nova Política Econômica”, URSS stalinista, China maoísta, Camboja, Vietnã, Iêmen, Angola, Congo, Zimbábue, Etiópia, Cuba e recentemente a Venezuela são alguns das inumeráveis evidencias empíricas do fracasso do sistema socialista-marxista. Seu resultado? Mais de 100 milhões de mortos, miséria e tirania em níveis jamais vistos na história. Isso porque o pilar de sua tese é a construção de uma sociedade sem propriedade privada que centraliza o poder nas mãos de poucos, além de impossibilitar a alocação racional da economia através do sistema de preços.

A irracionalidade da economia marxista irredutivelmente conduziu a escassez e a fome. Em alguns exemplos podemos citar a Grande fome da Coreia do Norte de 1994 e 1998 com 3,5 milhões de mortos, a Fome russa de 1921 (Povolzhye) com 5 milhões de mortos, a Fome soviética de 1932–1933 com 14 milhões de mortos, e a Grande fome chinesa de 1958 a 1962 com 45 milhões de mortos etc. Não obstante a centralização do poder em regimes fechados a opinião pública causaram genocídios intencionais em larga escala – sempre contra opositores do sistema socialista. Somando os famintos aos perseguidos pelo regime, Stalin matou cerca de 24 milhões, Mao Tse Tung 60 milhões, Pol Pot entre 25% e 1/3 de toda população do Camboja e os números não param por ai. 

Ao contrário do que encontramos nas hipótese socialistas, princípios da economia de mercado como valor subjetivo, lei de oferta e procura, utilidade marginal, fronteira de possibilidade de produção, curva marshalliana, dentre inumeráveis outras teorias são utilizados costumeiramente em contabilidade e administração, possuindo ampla evidencia empírica em estudos moderno de micro e macroeconomia. Austrália, Canadá, Singapura, Suíça, Nova Zelândia, Países Baixos, Hong Kong, Emirados Árabes, Reino Unido, Holanda, Maurício e Chile são evidencias empíricas do sucesso do sistema capitalista em qualquer indicador socioeconômico que seja utilizado como parâmetro.

Em qualquer exemplo histórico de livre mercado que busquemos o resultado será o mesmo e inverso aos resultados socialistas. Tomemos como exemplo Hong Kong e Singapura, que são as economias mais voltadas ao mercado segundo o Índice de Liberdade Econômica. Em 1960 ambas as nações estavam em situação miserável. Hong Kong sem nenhum recurso natural, possuía uma renda per capita três vezes menor que seu colonizador; o Reino Unido. Atualmente sua renda per capita é três vezes superior e 4º no Índice de Desenvolvimento humano, contra a 15º posição do Reino Unido. Já Singapura, avançou uma posição no IDH por ano entre 1991 e 2019, indo da 37º para a 9ª colocação no ranking.

Conclusão

A teoria socialista e todo seu anticapitalismo não representam mais que um “tarô ou a astrologia das ciências sociais”. A hipóteses de uma sociedade complexa e dinâmica sem propriedade privada, supostas noções econômicas como a mais-valia e métodos como o materialismo histórico não possuem qualquer validade científica ou respaldo na realidade. A teoria socialista persiste no mundo acadêmico como o terraplanismo o fez durante séculos, mesmo com as refutações de Copérnico e Galileu. No imaginário político persiste frente ao financiamento e oportunismo de populistas e ditadores, enquanto alimentado pela ignorância da população e dos círculos acadêmicos visto a obliteração de suas inúmeras refutações.

Para compreender mais indico as seguintes obras:

  1. O Capital – Karl Marx
  2. O Manifesto do Partido Comunista – Karl Marx
  3. A Teoria da Exploração do Socialismo-Comunismo – Eugen von Böhm-Bawerk
  4. O Cálculo Econômico sob o Socialismo – Ludwig von Mises
  5. O caminho da Servidão – Friedrich Von Hayek
  6. Teoria da História – Ludwig Von Mises
  7. A Miséria do Historicismo – Karl Popper
  8. Lógica da Pesquisa Científica – Karl Popper
  9. Capitalismo e Liberdade – Rose e Milton Friedman
  10. O Livro Negro do Comunismo – Diversos autores

Chris Di Paulla

“O socialismo é a maior fraude intelectual da história do pensamento humano” Jesus Herta de Soto